Era uma noite de lua cheia, ventava muito.
O vento balançava as árvores com violência, o barulho do
vento zunia em meus ouvidos.
Enquanto caminhava ia
divagando, pensando na existência da vida na existência de Deus e em qual o
sentido da vida.
Será que existe vida depois da morte, para onde vamos, aonde
está minha mãe e tantos outros que já morreram ?
Quando de repente surgiu uma luz amarela brilhante forte
vindo do horizonte e resolvi seguir a luz.
A principio não tive medo e fui seguindo e pensando.... Será
que vou encontrar Deus, será que Deus está me esperando no final dessa luz?
Segui a luz por vários metros até que fiquei com medo, quase
em pânico, achando que se prosseguisse ia morrer queimada.
Parei subitamente e daquela luz surgiu um homem.
Pensei que fosse Deus. Não, não era Deus, era um homem
simples que me pegou pelo braço e me levou para um lugar com cabines amarelas,
casas amarelas, tudo amarelo.
Um amarelo forte bonito.
Entrei numa dessas
cabines que só cabia uma pessoa em pé. Recebi ordens daquele homem para
preencher alguns formulários.
Era uma espécie de serviço de caridade... Sei lá!
Então sai dali e percebi que estava voando, pairei sobre um
lugar que parecia um umbral, onde pessoas horripilantes se rastejavam, pessoas
sujas, fedorentas, milhares delas parecia mais o inferno.
Fique ali pairando sob aquele lugar e desejei ajudar aquelas
pessoas.
Senti pena delas e sentia uma força em meu coração que dizia
que devia tentar ajudá-las.
Comecei a falar para aquelas pessoas que as amava que queria
ajudá-las a sair dali, mas o meu amor não era tão grande e não as convencia.
Aquelas pessoas com suas unhas enormes arrancavam pedaços da
minha pele e sentia dores terríveis mas mesmo assim com
minhas carnes sendo unhadas e arrancadas de meu corpo, continuava falando para
aqueles monstros horríveis que os amava, até que não suportei mais o sofrimento
e pedi ajuda.
Apareceram, não sei de onde, seres celestiais de todas as
partes que só com a própria presença afugentavam aqueles seres bestiais,
sofridos, almas miseráveis.
De repente eu não estava mais lá e sim num centro espírita.
Uma senhora gorda estava na cabeceira de uma mesa, ela ia
presidir uma sessão espírita .
As pessoas ainda não tinham chegado e fiquei logo atrás
daquela senhora e coloquei a mão no ombro dela, a senhora gorda logo sentiu um
calafrio e sentiu a minha presença.
As pessoas começaram a chegar e se acomodavam em volta da
mesa, então chegou um homem que, me envolveu num delicado abraço e disse:
vamos embora, já esta na hora.
Ninguém viu aquele homem a não ser eu, foi então que percebi que já não estava mais entre os
vivos.
Foi então que percebi que ninguém ali estava me vendo, foi então que percebi que já
tinha deixado o mundo dos vivos.
Naquela noite tenebrosa de lua cheia e ventos fortes, fui
atingida por uma árvore que caiu no caminho e me matou com uma forte pancada na
cabeça.
Aquela luz no horizonte era a passagem.
Então a passagem estava feita e eu não encontrei Deus,
encontrei apenas uma outra vida.