quinta-feira, 28 de novembro de 2013

OUTRA DIMENSÃO

    


Caminhava pela noite, por uma estrada de barro, rodeada de árvores gigantescas.
Era uma noite de lua cheia, ventava muito.
O vento balançava as árvores com violência, o barulho do vento zunia em meus ouvidos.
 Enquanto caminhava ia divagando, pensando na existência da vida na existência de Deus e em qual o sentido da vida.

Será que existe vida depois da morte, para onde vamos, aonde está minha mãe e tantos outros que já morreram ?
Quando de repente surgiu uma luz amarela brilhante forte vindo do horizonte e resolvi seguir a luz.
A principio não tive medo e fui seguindo e pensando.... Será que vou encontrar Deus, será que Deus está me esperando no final dessa luz?
Segui a luz por vários metros até que fiquei com medo, quase em pânico, achando que se prosseguisse ia morrer queimada.

Parei subitamente e daquela luz surgiu um homem.
Pensei que fosse Deus. Não, não era Deus, era um homem simples que me pegou pelo braço e me levou para um lugar com cabines amarelas, casas amarelas, tudo amarelo.
Um amarelo forte bonito.
  Entrei numa dessas cabines que só cabia uma pessoa em pé. Recebi ordens daquele homem para preencher alguns formulários.
Era uma espécie de serviço de caridade... Sei lá!
Então sai dali e percebi que estava voando, pairei sobre um lugar que parecia um umbral, onde pessoas horripilantes se rastejavam, pessoas sujas, fedorentas, milhares delas parecia mais o inferno.

Fique ali pairando sob aquele lugar e desejei ajudar aquelas pessoas.
Senti pena delas e sentia uma força em meu coração que dizia que devia tentar ajudá-las.

Comecei a falar para aquelas pessoas que as amava que queria ajudá-las a sair dali, mas o meu amor não era tão grande e não as convencia.
Aquelas pessoas com suas unhas enormes arrancavam pedaços da minha pele  e  sentia dores terríveis mas mesmo assim com minhas carnes sendo unhadas e arrancadas de meu corpo, continuava falando para aqueles monstros horríveis que os amava, até que não suportei mais o sofrimento e pedi ajuda.

Apareceram, não sei de onde, seres celestiais de todas as partes que só com a própria presença afugentavam aqueles seres bestiais, sofridos, almas miseráveis.

De repente eu não estava mais lá e sim num centro espírita.
Uma senhora gorda estava na cabeceira de uma mesa, ela ia presidir uma sessão espírita .
As pessoas ainda não tinham chegado e fiquei logo atrás daquela senhora e coloquei a mão no ombro dela, a senhora gorda logo sentiu um calafrio e sentiu a minha presença.

As pessoas começaram a chegar e se acomodavam em volta da mesa, então chegou um homem que, me envolveu num delicado abraço e disse:
vamos embora, já esta na hora.
Ninguém viu aquele homem a não ser eu, foi então que  percebi que já não estava mais entre os vivos.

Foi então que percebi que ninguém ali  estava me vendo, foi então que percebi que já tinha deixado o mundo dos vivos.
Naquela noite tenebrosa de lua cheia e ventos fortes,  fui atingida por uma árvore que caiu no caminho e me matou com uma forte pancada na cabeça.

Aquela luz no horizonte era a passagem.

Então a passagem estava feita e eu não encontrei Deus, encontrei apenas uma outra vida.